Sabe que mais de 90% das doentes com cancro da mama podem ser curadas se diagnosticadas num estádio precoce e adequadamente tratadas?
Segundo a DGS (Direção-Geral da Saúde) o cancro da mama é um problema de saúde pública sendo a neoplasia mais frequente do sexo feminino. Afeta 1 em cada 9 mulheres, tem alta incidência e alta mortalidade, sendo a causa mais frequente de mortalidade entre os 35-55 anos de idade, na União Europeia.
Se o cancro da mama for diagnosticado numa fase inicial pode evitar cirurgias mais radicais e mutilantes. São caso disso a mastectomia total que pode ser estigmatizante por interferir com a autoestima da mulher e pela forte componente emocional que isso envolve.
Por isso é tão importante continuarmos a alertar para a prevenção e relembrar este dia dedicado a este tema.
Estivemos à conversa com a Drª Emília Vaz Pereira, nossa cliente e amiga, médica cirurgiã, pós-graduada em Senologia, área a que se tem dedicado e é reconhecida a nível nacional. Segundo ela “em Portugal são detetados cerca de 4.500 novos casos por ano. Apesar de afetar principalmente as mulheres, o tumor maligno da mama no homem, sendo um tumor raro (aparece em 1% dos homens) é mais agressivo, porque o seu diagnóstico é feito muito tardiamente”.
A Drª Emília relembra que o melhor combate contra este cancro continua a ser a prevenção.
“Hoje em dia há meios de diagnóstico precoce muito eficazes e que permitem evitar situações mais graves para as mulheres e apela a todas as mulheres a partir dos 40 anos, mesmo sem qualquer tipo de queixas, que devem fazer a sua mamografia inicial e depois repetir anualmente para controlo”.
Conheça os três exames essenciais do diagnóstico precoce do cancro da mama:
-
-
Auto-exame da mama
Não permite fazer um diagnóstico, mas qualquer alteração pode ser um alerta para a realização de mais exames. A partir dos 20 anos, todas as mulheres devem realizar o autoexame da mama mensalmente – depois da menstruação. A mulher deverá ter em linha de conta que as mamas não são iguais e que podem surgir alterações devido a diversos fatores, como é o caso a idade, a toma de pílulas anticoncepcionais, os ciclos menstruais, a gravidez ou a menopausa.
Para aprender como se faz o autoexame da mama consulte esta pagina
-
Não se esqueça! – fale com o seu médico se sentir alguma destas modificações:
-Nódulo ou endurecimento na mama ou na axila;
-Modificação no tamanho ou formato da mama;
-Alteração da coloração ou sensibilidade da pele da mama ou da aréola;
-Retração da pele da mama/mamilo;
-Corrimento mamilar.
-
Exame clínico da mama
Neste exame, o médico faz a palpação da mama e verifica se existem diferenças entre as mamas e se existe, entre outros sinais, vermelhidão, depressões cutâneas ou secreção ou perda de líquido quando os mamilos são pressionados.
-
Mamografia
A mamografia permite analisar se existem nódulos ou microcalcificações na mama, mesmo antes de estes poderem ser palpados ou sentidos durante o autoexame.
Segundo a Norma da DGS a mamografia de rastreio está indicada:
– de 2 em 2 anos para as mulheres entre 50-69 anos
– de 2 em 2 anos ou 3 em 3 anos para mulheres com mais de 69 anos
– entre os 40-49 anos deve ser individualizada em função do risco e das opções de cada mulher.A ecografia mamaria não é um exame de rastreio por falta de sensibilidade e especificidade, mas pode ser útil como complemento da mamografia nomeadamente em mulheres com elevada densidade mamária ou prótese mamária.
Nas mulheres com menos de 35 anos, quando indicado, o exame de eleição é a ecografia mamária. A mamografia deve ser utilizada apenas quando existe uma forte suspeita de malignidade ou quando recomendada pelo radiologista.
No entanto se existirem fatores de risco pessoais ou familiares de cancro da mama a periodicidade destes exames pode ser alterada pelo seu médico.
A frequência do cancro da mama tem aumentado devido às modificações do estilo de vida, mas pelo contrário a mortalidade tem vindo a diminuir nos países desenvolvidos graças à detenção precoce e ao progresso dos tratamentos.
Que mudanças de estilo de vida podem prevenir o cancro da mama?
Embora existam riscos que não estão ao seu alcance modificar (como ter história familiar de cancro da mama), a ciência tem vindo a demonstrar, através de estudos publicados, que existem mudanças ao nível do estilo de vida que permitem reduzir o risco de vir a ter esta doença.
-Não consuma bebidas alcoólicas
De acordo com a Breastcancer.org, as mulheres que bebem três bebidas alcoólicas por semana têm um risco de cancro da mama 15% mais elevado comparadas com mulheres que não consomem bebidas alcoólicas.
-Mantenha um peso adequado evitando o excesso de peso e a obesidade.
-Amamente
A amamentação parece ter um papel benéfico na prevenção do cancro da mama (e no cancro do ovário). Quanto mais tempo amamentar, maior será o efeito protetor.
-Não fume
-Pratique exercício físico
Ser ativo fisicamente vai ajudá-la a manter o peso ideal. Faça no mínimo150 minutos semanais de atividade física moderada (repartidos ao longo da semana) ou 75 minutos semanais de atividade física vigorosa.
-Tenha uma alimentação equilibrada
Uma dieta pobre em gorduras parece oferecer uma ligeira proteção em relação ao cancro da mama. Não existe uma consistência, em termos de estudos científicos, que demonstre que uma dieta rica em fruta e vegetais proteja contra o cancro da mama. No entanto, é já conhecido que uma alimentação equilibrada e diversificada é um fator chave para manter um peso adequado e tem um efeito protetor em relação a vários tipos de cancro, doenças cardiovasculares e diabetes.
-Não faça terapia hormonal de substituição por um período prolongado
Parece que fazer a terapia hormonal de substituição (terapia que ajuda as mulheres na menopausa a atenuar queixas como os afrontamentos, entre outras) por um período superior a três/cinco anos aumenta o risco de cancro da mama. Aconselhe-se com o seu médico.